11 APR 2023
Energia solar no espaço: será este o futuro?
E se todos os problemas energéticos do mundo fossem resolvidos com energia solar no espaço?
O contexto geopolítico internacional e os impactos da guerra na Ucrânia geraram uma crise energética que leva vários países e entidades a pensarem em alternativas ao petróleo e gás russos. A energia solar no espaço não é uma ideia nova, mas tem vindo a ganhar tração e são já vários os projetos em desenvolvimento.
Mas afinal o que é a energia solar no espaço e de que forma pode levar o planeta à independência energética?
Como funciona na prática a energia solar no espaço?
A energia solar no espaço é o processo de captar energia do sol através do espaço e fazê-la chegar à Terra para ser utilizada.
Teoricamente, esta captação de energia solar seria feita através de satélites colocados em órbita à volta da Terra e transmitida para a Terra através de micro-ondas, que depois são recolhidas por estações recetoras na Terra para fornecer residências e empresas.
Esta tecnologia permitiria aumentar em grande escala o aproveitamento de energia solar, uma vez que a atmosfera atenua a radiação solar devido à presença de nuvens e de gases ou partículas em suspensão.
Além disso, cada painel solar no espaço seria capaz de fornecer a Terra com 2GW de energia, o equivalente à potência gerada por uma central nuclear.
Vantagens da energia solar no espaço
Segundo Martin Soltau, co-CEO da Space Energy Initiative (SEI), entidade britânica responsável pelo projeto de energia solar espacial “Cassiopeia”, o potencial desta iniciativa seria quase ilimitado e poderia fornecer toda a energia necessária no mundo até 2050.
Estas seriam as principais vantagens da energia solar gerada a partir do espaço:
- Pegada carbónica – o sol produz quatro milhões de vezes mais energia do que aquela que os seres humanos necessitam. Sendo uma energia limpa, a produção de energia solar no espaço seria um passo de gigante em direção à neutralidade carbónica;
- Não há noite ou nuvens – no espaço, a energia solar que seria captada não seria impactada pelas nuvens, além de que a energia solar poderia ser captada 24 horas por dia;
- Democratização do acesso à energia – esta inovação pode ser a solução para resolver problemas de escassez energética, levando energia às zonas mais remotas do planeta.
Desvantagens da energia solar no espaço
Nada é perfeito e existem, também, algumas desvantagens associadas à produção de energia solar a partir do espaço:
- Produzir energia no espaço está associado a custos avultados, especialmente se pensarmos nas dezenas de lançamentos que seriam necessários para efetuar a montagem dos painéis solares no espaço;
- Além disso, os lançamentos necessários à instalação dos painéis iriam gerar altas emissões de dióxido de carbono na atmosfera.
Quem está na linha da frente
Há já vários projetos em marcha para que a energia solar no espaço se torne numa realidade.
Space Energy Initiative
A Space Energy Initiative colocou em marcha o projeto “Cassiopeia”, reunindo investigadores de universidades e da indústria no Reino Unido com um objetivo ambicioso: ter energia solar a ser produzida no espaço já em 2035.
Em 2022, o governo britânico anunciou um orçamento de 3 milhões de libras para financiamento de projetos de energia solar, de forma a acelerar a investigação nestes projetos.
Agência Espacial Europeia
Já a Agência Especial Europeia (ESA) criou o “Solaris”, tendo como objetivo lançar cerca de 20 satélites capazes de captar energia solar em órbita geoestacionária, em cima da Europa.
As estimativas da ESA é que o projeto esteja a funcionar em pleno entre 2040 e 2050, prevendo-se um investimento de 15 biliões de euros para a investigação, desenvolvimento e lançamento do primeiro satélite.
Contudo, apenas 1 dos 9 sistemas chave necessários para colocar o projeto a funcionar está pronto: o sistema de comunicação com a Terra. Estudos da ESA referem que para ter os restantes sistemas prontos, nomeadamente para montagem dos satélites em órbita, manutenção e conversão de energia, levarão entre 10 a 20 anos a estarem prontos.
EUA
Nos Estados Unidos da América (EUA), o Laboratório de Pesquisa da Força Aérea tem trabalhado no desenvolvimento de tecnologias necessárias à implementação de projetos de energia solar no espaço, nomeadamente no projeto SSPIDR (Demonstrações e Pesquisas Incrementais de Energia Solar Espacial).
China
Por seu turno, a China tem previsões para ter um projeto de energia solar no espaço em atividade até 2050. A ser verdade, o projeto “Ómega” teria capacidade para produzir 2GW de energia elétrica por ano.
Pode a energia solar no espaço ser o futuro? Ainda estamos a alguns anos de esta realidade se materializar, mas os investimentos e desenvolvimentos tecnológicos sucessivos podem fazer com que esta venha a ser uma alternativa real aos combustíveis fósseis.