06/08/2008 | Resultados

Quebra de 76% nos resultados operacionais da actividade de Refinação & Distribuição

O resultado líquido replacement cost ajustado do primeiro semestre de 2008 foi de €214 milhões, uma redução anual de 25,1%.

  • O resultado líquido replacement cost ajustado do primeiro semestre de 2008 foi de €214 milhões, uma redução anual de 25,1%, com a performance dos segmentos de negócio de Gas & Power e Exploração & Produção a não ser suficiente para compensar os piores resultados do segmento de negócio Refinação & Distribuição;
  • Produção working interest de crude nos 14,7 mil barris diários, menos 14,1% que em igual período de 2007; 
  • Decréscimo de 46,1% da margem de refinação da Galp Energia, para os 3,5 Usd/bbl, e de 53,2%, para os 2,3€/bbl;
  • No primeiro semestre de 2008 a cobertura da actividade de refinação pela actividade de distribuição de produtos petrolíferos foi de 70,1%;
  • Aumento de 19,6% nas vendas de gás natural para um total de 2.950 milhões de metros cúbicos face ao semestre homólogo, com o sector eléctrico a ser o principal responsável por este aumento;
  • EBITDA replacement cost ajustado de €449 milhões, 10,2% abaixo do registado no semestre homólogo;
  • Resultado líquido, em IFRS, de €524 milhões, equivalente a um resultado por acção de €0,63 e em termos ajustados de €214 milhões, equivalente a €0,26 por acção, 25,1% abaixo do semestre homólogo;
  • Aumento de 33,4% do investimento para os €216 milhões, com 54,6% do total a ser canalizado para o segmento de Exploração & Produção.

 

Indicadores financeiros

 

A Galp Energia alcançou, no primeiro semestre de 2008, um resultado líquido, em IFRS, de €524 milhões, superior em €123 milhões, ou 30,7%, em relação ao período homólogo. Este aumento deveu-se à valorização de inventários reflectida no efeito stock, mais de duas vezes superior ao valor verificado em 2007, em resultado da subida acentuada do preço do crude e dos produtos petrolíferos nos mercados internacionais.

Esta valorização não tem impacto relevante no cash flow da Empresa, uma vez que a Galp Energia opera com stocks praticamente constantes, correspondentes às suas obrigações de reservas estratégicas nacionais.

Em termos ajustados, os resultados atingiram os €214 milhões, menos 25,1% que no período homólogo. O melhor desempenho operacional dos segmentos de negócio de Gas & Power e de Exploração & Produção não foi suficiente para compensar a evolução desfavorável do segmento de negócio de Refinação & Distribuição. Adicionalmente, o aumento de €81 milhões no valor total do imposto sobre o rendimento que resultou do aumento das vendas de crude em Angola e do aumento dos impostos diferidos resultante do efeito stock penalizou o resultado líquido em IFRS.

 

Exploração & Produção

 

A produção numa base de working interest atingiu os 14,7 mil barris por dia no primeiro semestre de 2008, menos 14,1% do que no período homólogo. Esta diminuição deveu-se a problemas operacionais no campo Benguela-Belize-Lobito-Tomboco (BBLT). Este campo continua a ter maior peso na produção, cerca de 79,9% do total, apresentando uma produção diária de 11,7 mil barris no primeiro semestre de 2008.

Relativamente à produção net entitlement, os primeiros seis meses de 2008 tiveram um decréscimo anual semelhante ao ocorrido em termos working, com menos 14,6%. O campo BBLT, com 1.654 mil barris, representou 85,9% da produção total.

O resultado operacional replacement cost ajustado foi de €94 milhões, uma subida de 25,0% face ao primeiro semestre de 2007, representando este segmento de negócio 29,7% dos resultados operacionais replacement cost ajustados da Galp Energia. Esta variação teve por base um aumento das vendas em €61 milhões, influenciada pelo aumento de 73,3% no preço médio de venda que permitiu compensar a redução na produção net entitlement de 14,6% e também o aumento dos custos operacionais. 

 

Refinação & Distribuição de Produtos Petrolíferos

 

No primeiro semestre de 2008, as refinarias da Galp Energia processaram 7,1 milhões de toneladas de matérias-primas, 1,0% abaixo dos volumes processados no período homólogo, ainda que em termos de crude processado se tenha verificado um aumento de 1,1%, passando este produto a representar 93% do total de matérias-primas. Este incremento traduziu-se num aumento da taxa de utilização das refinarias, que passou de 85,9% para 86,4%.

As vendas totais atingiram as 8 milhões de toneladas ficando praticamente em linha com as vendas do primeiro semestre de 2007, com o aumento das exportações a compensar a diminuição verificada no mercado Ibérico. As vendas aos outros operadores sofreram uma redução face ao primeiro semestre de 2007 que resultou numa diminuição do peso relativo destas vendas no total.

No primeiro semestre de 2008, as vendas a clientes directos diminuíram 0,5%, em linha com a quebra do mercado Ibérico. No entanto, a Galp Energia aproveitou o crescimento do mercado de alguns produtos, como as bancas aéreas e marítimas, para aumentar as suas vendas e com isso compensar parte das diminuições verificadas em negócios como o do retalho.

A cobertura da actividade de refinação pela actividade de distribuição de produtos petrolíferos, medida com base na média da produção dos últimos três anos, foi de 70,1%, 1,3 p.p. abaixo do registado no primeiro semestre de 2007.

No final do primeiro semestre de 2008, a Galp Energia tinha 1.024 estações de serviço, menos catorze que no final de 2007. Durante o primeiro semestre de 2008 foram abertas quinze novas lojas non-fuel, doze das quais situadas em Portugal, consequência da aposta da Galp Energia em expandir o negócio da conveniência.

O resultado operacional a replacement cost ajustado diminuiu cerca de €146 milhões face ao mesmo período de 2007, ou 76,3% em termos relativos. Esta variação está relacionada com (i) a quebra das margens de refinação internacionais, (ii) a desvalorização do dólar americano face ao euro e (iii) um efeito negativo de time lag, de aproximadamente de €59,4 milhões, em resultado das condições estabelecidas contratualmente para os operadores do mercado português demorarem a reflectir as variações dos preços verificados nos mercados internacionais.

 

Gas & Power

 

As vendas de gás natural, no primeiro semestre de 2008, tiveram um aumento de 19,6%, para os 2.950 milhões de metros

cúbicos, com o mercado liberalizado a representar 57,8% do total, quando em 2007 o seu peso era de 51,2%.
Este aumento traduz os maiores volumes comercializados no sector eléctrico e no trading, que registaram incrementos de 39,8% e 18,3%, respectivamente. Para esta tendência contribuiu uma vez mais a fraca pluviosidade que se fez sentir no primeiro semestre do ano, face ao verificado no primeiro semestre de 2007, e que estimulou o consumo de gás natural para produção eléctrica, tanto em Portugal como em Espanha, levando a um aumento das vendas no mercado internacional (trading).

As vendas de gás natural em Espanha, ao sector industrial, que se iniciaram em 2008, atingiram um volume de 35 milhões de metros cúbicos.

O volume de gás natural transportado nas redes pertencentes às empresas de distribuição totalizou, no primeiro semestre de 2008, 790 milhões de metros cúbicos.

A actividade de produção de energia diminuiu 0,8%, para os 774 GWh, para a qual foram utilizados 80,3 milhões de metros cúbicos de gás natural nas cogerações da Galp Energia, representando perto de 8,3% do mercado industrial português.

No primeiro semestre de 2008 o resultado operacional replacement cost ajustado foi de €170 milhões, 55,2% acima do verificado em igual período de 2007, sendo este segmento responsável por 53,6% do resultado operacional da Galp Energia. O aumento de resultados neste segmento de negócio é fruto de um aumento das quantidades vendidas, mas também do aumento das margens em alguns segmentos, nomeadamente o trading, dado os preços de GNL que se verificaram no mercado internacional, tendo-se mantido constante o negócio dedicado à infra-estrutura.

 

Investimento

 

No primeiro semestre de 2008, o investimento atingiu os €216 milhões, mais €54 milhões do que em igual período de 2007.

Cerca de 54,6% do investimento, ou seja €118 milhões, foi canalizado para o segmento de negócio de Exploração & Produção, nomeadamente (i) para os trabalhos no Bloco 14, nomeadamente o desenvolvimento do campo Tômbua-Landana e a avaliação da descoberta Lucapa, no montante de €63,6 milhões, (ii) para a realização e avaliação de poços de exploração no Bloco 32 em Angola, (iii) para as actividades de exploração no offshore do Brasil, no montante de €29,9 milhões, incluindo a perfuração dos poços Júpiter e Bem-te-vi e os bónus pagos na nona rodada das licitações, tendo esta última captado um investimento de €10 milhões, (iii) para as actividades de exploração no Brasil onshore nas bacias de Potiguar e Espírito Santo, com a realização de dez poços que deram origem a 2 descobertas e (iv) para as actividades de exploração em Moçambique, que contemplaram a aquisição e interpretação de sísmica 2D e 3D.

Na actividade de Refinação & Distribuição foram investidos €68 milhões, um montante superior ao do período homólogo e que se destinou maioritariamente ao projecto de conversão das refinarias.

No segmento de negócio Gas & Power, o investimento foi canalizado para o prolongamento da rede secundária numa extensão de cerca de 274 km e para a ligação de 27 mil clientes de gás natural, novos e convertidos. Mais especificamente no Power continuam os trabalhos para a construção dos parques eólicos, estando neste momento a decorrer a fase de licenciamento ambiental e elaboração da engenharia básica e conceptual. Foram também realizados alguns investimentos na cogeração a instalar na refinaria de Sines, com o objectivo de iniciar as operações após a paragem para manutenção que irá ocorrer nessa mesma refinaria, nos meses de Setembro e Outubro.

 

Capitalização bolsista

 

As acções da Galp Energia depreciaram-se 23,0% no primeiro semestre de 2008, sendo a cotação máxima neste período de €18,95, no dia 2 de Janeiro. A valorização desde o início da Oferta Pública Inicial, que ocorreu a 23 de Outubro de 2006, é de 143,7%. Relativamente ao volume, foram transaccionadas cerca de 282,4 milhões de acções, correspondendo a uma média diária de 2,2 milhões de acções. A 30 de Junho de 2008 a capitalização bolsista da Galp Energia ascendia a €11.742 milhões.

 

Bases de apresentação da informação

 

As demonstrações financeiras consolidadas e não auditadas da Galp Energia, relativas aos seis meses findos em 30 de Junho de 2008 e 2007, foram elaboradas em conformidade com as IFRS. A informação financeira referente à demonstração de resultados consolidados é apresentada para os semestres findos em 30 de Junho de 2008 e em 30 de Junho de 2007.

Por as demonstrações financeiras serem elaboradas de acordo com as IFRS, o custo das mercadorias vendidas e matérias-primas consumidas é valorizado a FIFO, o que pode originar uma grande volatilidade nos resultados em momentos em que existam grandes oscilações nos preços das mercadorias e das matérias-primas, através de ganhos ou perdas em stocks que podem não traduzir o desempenho operacional da empresa, que daqui por diante neste documento se designa efeito stock.

Outro factor que pode afectar os resultados da empresa sem ser um indicador do seu verdadeiro desempenho é o conjunto de eventos de natureza não recorrente, tais como ganhos ou perdas na alienação de activos, imparidades ou reposições de imobilizado e provisões ambientais ou de reestruturação.

Com o objectivo de avaliar o desempenho operacional do negócio da Galp Energia, os resultados operacionais e os resultados líquidos replacement cost ajustados não incluem eventos não recorrentes nem o efeito stock, porque foram apurados utilizando a metodologia do custo de substituição de stocks, designada replacement cost.

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