A Galp Energia concluiu com sucesso o projecto de reconfiguração da sua refinaria de Matosinhos, um investimento de 350 milhões de euros que compreendeu a construção de uma nova unidade de destilação de vácuo e de uma unidade de viscorredução, peças essenciais num programa de modernização de ambas as refinarias da empresa. Globalmente, este programa representa um investimento de 1,4 mil milhões de euros que estará concluído ainda antes do final do ano, quando terminarem os trabalhos na refinaria de Sines.
As novas unidades processuais de Matosinhos foram inauguradas ao final da manhã de hoje pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, numa cerimónia que contou ainda com a presença do Secretário de Estado da Energia Henrique Gomes e do Presidente da Câmara de Matosinhos Guilherme Pinto.
Este projecto, que é o maior investimento de sempre levado a cabo na indústria portuguesa, permitirá aumentar a produção de gasóleo até 2,5 milhões de toneladas, através da diminuição da produção de fuelóleo, ajustando assim o perfil de produção das duas refinarias às necessidades do mercado. Assim, não só o país passará a produzir todo o gasóleo de que necessita, como passará de importador a exportador líquido deste combustível, com reflexos positivos ao nível da balança de pagamentos portuguesa calculados em cerca de 400 milhões de euros por ano.
O contributo deste projecto para a economia nacional traduz-se ainda na criação, a título permanente, de 150 postos de trabalho directos qualificados, bem como de 450 postos de trabalho indirectos. A estes, há que somar os proporcionados ao longo da fase de construção do projecto que, nos períodos de maior pico, chegaram a ultrapassar os 7.000 em ambas as refinarias.
Ao todo, no projecto da refinaria de Matosinhos, trabalharam-se mais de 3.600.000 horas, estiveram envolvidas mais de 1.500 pessoas, foram utilizados 14.600 m3 de betão, 1.700 toneladas de aço, 73 km de tubagens e 480 km de cabos eléctricos. Apesar da complexidade dos trabalhos, a quase totalidade dos trabalhos de construção foram assegurados por empresas portuguesas.
A nova unidade de destilação de vácuo permitirá processar resíduo atmosférico produzido na refinaria que, assim, passará a ter maior aproveitamento uma vez que, através deste processo, se extrai desse resíduo gasóleo de vácuo (VGO) que será transferido para a refinaria de Sines, onde será submetido a um processo de hidrocraqueamento e transformado em gasóleo. Por seu lado, a unidade de viscorredução permite o craqueamento térmico suave do resíduo resultante da destilação de vácuo, contribuindo para aumentar a produção de gasóleos e naftas.
Incluindo a instalação das novas unidades de produção, o programa de modernização da refinaria de Matosinhos beneficiou de investimentos de cerca de 750 milhões de euros ao longo dos últimos quatro anos. Estes investimentos contemplaram a modernização do terminal petrolífero de Leixões, que permite a descarga de crude em condições atmosféricas adversas, e diversas melhorias de segurança e ambientais que promovem uma maior eficiência energética da instalação e que contribuem significativamente para uma melhor qualidade de vida das população. Cerca de 150 milhões de euros foram investidos em programas destinados à melhoria das condições ambientais e de segurança da refinaria.
Ainda no que se refere aos ganhos ambientais, as unidades agora inauguradas permitem a produção, para introdução no mercado português, de combustíveis com elevada concentração de hidrocarbonetos saturados que, sendo significativamente mais ricos em hidrogénio, implicam menores emissões de CO2, contribuindo para reduzir as emissões atmosféricas do sector dos transportes e para a melhoria da qualidade do ar.
O programa de investimentos da Galp Energia na refinaria de Matosinhos ainda prossegue, encontrando-se em curso – e perto da conclusão – a construção de uma central de cogeração que irá satisfazer as necessidades actuais e futuras do sistema refinador, designadamente em termos de vapor e de energia eléctrica. A central de cogeração da refinaria de Matosinhos, com uma potência de 82 MW, representa um investimento de 110 milhões de euros e permitirá evitar emissões de cerca de 460 mil toneladas/ano de CO2, a nível nacional.
Informação adicional sobre a refinaria de Matosinhos
A Refinaria de Matosinhos iniciou a sua laboração em Setembro de 1970. Ao fim de 40 anos, o complexo da Galp Energia em Matosinhos, emprega 600 colaboradores, sendo a refinaria mais completa da Galp Energia em termos de produtos. A sua capacidade de processamento de petróleo bruto é de 5,5 milhões de toneladas/ano.
Esta unidade de produção possui uma área aproximada de 400 hectares e está interligada ao terminal de petroleiros no porto de Leixões através de 2 km de oleodutos. Está ainda ligada de forma umbilical ao terminal oceânico de Leixões (monobóia) através de um oleoduto com cerca de 3,5 km. Este terminal, cujo ponto de descarga se localiza ao largo, permite o abastecimento da refinaria mesmo em condições adversas de mar, uma vez que os navios não necessitam de entrar no porto.
A refinaria de Matosinhos, possui uma capacidade de armazenagem de 1.780.317 m3, dos quais 648.621 m3 são para ramas de petróleo e 1.131.696 m3 para produtos intermédios e finais. A refinaria possui cerca de 1.250 km de pipelines.
A refinaria de Matosinhos abastece o mercado com uma extensa gama de produtos que inclui: propano, butano, euro super, gasolina sem chumbo, super plus, nafta química, petróleo de iluminação, petróleo carburante, jet A1, white spirit, gasóleo, fuelóleo, fuelóleo para cogeração, fuelóleo bancas, óleos lubrificantes, massas lubrificantes, parafinas, ceras microcristalinas, benzeno, tolueno, ortoxileno, paraxileno, solventes aromáticos, solventes alifáticos, enxofre, betumes asfálticos e óleos base. Todos os produtos cumprem os mais elevados padrões de qualidade, respeitando todas as exigências do mercado.
Para além do contributo directo para a economia nacional, a refinaria de Matosinhos constitui-se igualmente como uma âncora importante para o desenvolvimento económico da região onde se integra, viabilizando dezenas de PME a quem contrata bens e serviços, e assegurando, por exemplo, um fluxo permanente de matéria-prima essencial para o funcionamento do Complexo Petroquímico de Estarreja, onde se encontram outras grandes empresas exportadoras.