Na sequência da forte queda global na procura de energia, a Galp está a desenvolver iniciativas que permitam a redução de mais de €500 milhões por ano em 2020 e em 2021 no investimento e despesas operacionais face ao plano de investimento anteriormente anunciado. Nesse período, o investimento líquido irá situar-se entre €500 milhões e 700€ milhões, valores que poderão ser ajustados conforme a evolução das condições do mercado.
A flexibilidade do portfólio de ativos e projetos da Galp permitiu que a empresa tenha respondido de forma ágil para salvaguardar a sua resiliência no ambiente de mercado atual essencialmente através da recalendarização de projetos de expansão. Algumas das iniciativas já estão em vigor, outras serão implementadas conforme necessário.
A Galp está a enfrentar este período de enorme complexidade comprometida com a segurança das suas pessoas e dos seus clientes, com a continuidade do negócio e focada em apoiar os países e as comunidades onde tem operações.
À luz da situação atual e da volatilidade do mercado, as perspetivas operacionais e financeiras divulgadas no Capital Markets Day, em fevereiro, deixaram de ser aplicáveis e serão atualizadas oportunamente.
Resultados operacionais
Os resultados operacionais da Galp no primeiro trimestre de 2020 caíram 5% face ao período homólogo devido à contração provocada pela pandemia do COVID-19 e às medidas de confinamento na Península Ibérica, que fizeram cair o preço do petróleo e provocaram quedas acentuadas na procura de energia por parte das empresas e dos consumidores.
Os resultados ajustados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) nos primeiros três meses do ano diminuíram para €469 milhões. O maior contributo para a redução veio da área de negócio do Upstream que, apesar de ter aumentado a produção total de petróleo e gás natural em 17%, foi prejudicada pela forte queda nos preços do petróleo. O Ebitda da área caiu 24%, para €286 milhões.
A produção de petróleo e gás natural totalizou 131,4 mil barris por dia, impulsionada pelo desenvolvimento continuado dos projetos Lula e Iracema e Berbigão/Sururu, e por uma maior contribuição do projeto Kaombo, em Angola.
O Ebitda do negócio de Refinação e Midstream melhorou para €90 milhões em relação ao primeiro trimestre de 2019, o qual havia sido marcado por restrições operacionais no sistema refinador da Galp. Em resultado, as matérias-primas processadas aumentaram 18% e as vendas de produtos petrolíferos aumentaram 13%, beneficiando de um aumento das exportações. As margens de refinação caíram cerca de 19% em relação ao ano anterior, em parte devido aos trabalhos de manutenção programada no hidrocracker da refinaria de Sines.
As vendas de gás natural também caíram, com a atividade de trading a refletir a deterioração das condições do mercado, enquanto as vendas de eletricidade permaneceram estáveis.
O Ebitda da área Comercial manteve-se nos €90 milhões ainda que com volumes inferiores, devido à maior contribuição das atividades em Espanha. As vendas de produtos petrolíferos a clientes diretos diminuíram de 13%, refletindo os efeitos dos limites à circulação impostos no mercado ibérico a partir de março. As vendas de gás natural caíram 24%.
A recém-formada unidade de Energias Renováveis e Novos Negócios obteve um resultado marginalmente negativo, já que as suas atividades se centraram na criação das bases para um crescimento futuro.
Indicadores Financeiros
O resultado líquido ajustado (RCA) do primeiro trimestre caiu 72% para €29 milhões, refletindo a adversidade das condições de mercado. Estas condições levaram ao registo de um prejuízo de €257 milhões segundo as normas contabilísticas internacionais (IFRS), em resultado do reconhecimento da desvalorização do inventário da Galp em €278 milhões devido à queda das cotações dos produtos.
O Capex do primeiro trimestre totalizou €144 milhões, em linha com os valores do período homólogo, a foi alocado essencialmente à área de Upstream. O restante investimento destinou-se ao sistema refinador e infraestruturas logísticas em Moçambique. O cash flow operacional diminuiu para €244 milhões, impactado pelo desempenho operacional mais fraco, enquanto o free cash flow caiu para os €63 milhões.
No final de março, a dívida líquida situava-se em €1,496 mil milhões, um aumento de €61 milhões face ao final de 2019 que sinaliza a geração de caixa inferior durante este período. O rácio da dívida líquida sobre o Ebitda ajustado permaneceu inalterada em 0,7x.