A produção total (working interest) de petróleo e gás natural aumentou 36% para o equivalente a 56,3 mil barris por dia (mboepd), em resultado do aumento da produção no Brasil. A produção net entitlement, aquela que contribui de forma direta para os resultados, aumentou c.39% e atingiu 53,7 mboepd.
A margem de refinação da Galp diminuiu para $4,1 por barril (boe), refletindo um ambiente mais adverso para os refinadores europeus. A comercialização de produtos petrolíferos manteve a sua contribuição para os resultados, apesar da redução dos volumes vendidos.
As vendas totais de gás natural diminuíram para 1.860 milhões de metros cúbicos (Mm³) devido principalmente à redução neste trimestre dos volumes vendidos nos mercados internacionais.
O Ebitda consolidado do Grupo em base ajustada (RCA) totalizou €293 milhões, uma redução de 22% face ao período homólogo, devido à menor contribuição dos negócios de Exploração & Produção (E&P) e de Gas & Power (G&P).
O investimento foi de €343 milhões, dos quais 92% foram aplicados no negócio de E&P, sobretudo no desenvolvimento do bloco BM-S-11 no Brasil e do bloco 32 em Angola.
O resultado líquido (RCA) totalizou €114 milhões, menos €7 milhões do que no trimestre homólogo. O resultado líquido de acordo com as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) foi negativo em €58 milhões, incluindo um efeito stock negativo de €92 milhões, na sequência da descida do preço das commodities no trimestre, e eventos não recorrentes de €80 milhões.
No final do trimestre, a dívida líquida do Grupo situava-se em €1.841 milhões, considerando o empréstimo à Sinopec como caixa e equivalentes, sendo o rácio dívida líquida para Ebitda de 1,4x.
EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO
No primeiro trimestre de 2016, a produção média working interest de petróleo e gás natural aumentou 36%, atingindo os 56,3 mboepd, sendo que 94% correspondeu a produção de petróleo. A produção proveniente do Brasil aumentou 14,9 mboepd face ao período homólogo, para 45,8 kboepd.
Este aumento foi suportado pelo aumento da produção da FPSO Cidade de Mangaratiba (#3) e pela entrada em produção da FPSO Cidade de Itaguaí (#4) e da FPSO Cidade de Maricá (#5). As FPSO Cidade Angra dos Reis (#1) e Cidade de Paraty (#2) produziram em média 10,9 mboepd e 12,0 mboepd, respetivamente.
A exportação de gás também aumentou, de 3,1 mboepd para 3,5 mboepd, dos quais 3,0 mboepd foram provenientes do campo Lula. Em Angola, a produção working interest foi de 10,5 mil barris de petróleo por dia (mbopd), em linha com o período homólogo, tendo o início de produção no bloco 14k compensado o declínio natural nos campos Benguela-Belize-Lobito-Tomboco (BBLT) e Tômbua-Landana (TL).
A produção net entitlement foi de 53,7 mboepd, um aumento de 39% face ao primeiro trimestre de 2015, evolução em linha com a produção working interest. Em Angola, a produção net entitlement manteve-se estável em 7,9 mbopd. A produção proveniente do Brasil representou 85% do total da produção net entitlement no período, face a 80% no período homólogo de 2015.
O resultado operacional (Ebit) a custo de substituição ajustado (RCA) foi negativo em €22 milhões, que compara com €43 milhões no primeiro trimestre de 2015.
REFINAÇÃO & DISTRIBUIÇÃO
No primeiro trimestre de 2016, a margem de refinação da Galp foi de $4,1/boe, menos face a $1,8/boe do que no primeiro trimestre de 2015, refletindo a descida das margens de refinação nos mercados internacionais.
Foram processados cerca de 25,2 milhões de barris (mmbbl) de matérias-primas, uma diminuição de 4% face ao 1º trimestre de 2015. Esta redução deveu-se principalmente à paragem planeada do hydrocracker na refinaria de Sines para substituição do catalisador e que foi realizada em dois meses. O crude representou 95% das matérias-primas processadas, 75% dos quais corresponderam a crudes médios e pesados.
Os destilados médios (gasóleo e jet) representaram 44% da produção total, uma descida de 3 p.p. face ao período homólogo, na sequência da paragem do hydrocracker. Por outro lado, a gasolina representou 25% da produção, um aumento de 3 p.p. face ao primeiro trimestre do ano passado. Os consumos e quebras no primeiro trimestre representaram 6% das matérias-primas processadas.
Os volumes vendidos a clientes diretos situaram-se nos 2,1 milhões de toneladas, uma redução de 5% face ao primeiro trimestre de 2015, impactada pela paragem do hydrocracker. O volume de vendas em África representou 8% do volume total de vendas a clientes diretos, um contributo em linha com o período homólogo.
O esforço permanente de otimização da rede traduziu-se numa diminuição do número de estações de serviço para 1.439 no final de março. Em contrapartida, verificou-se um aumento das lojas de conveniência para 828.
O Ebit RCA atingiu os €78 milhões.
GAS & POWER
As vendas de gás natural totalizaram 1.860 milhões de metros cúbicos (Mm³) durante o primeiro trimestre de 2016, uma diminuição de 15% face ao período homólogo devido sobretudo à descida dos volumes vendidos no segmento de trading.
Os volumes transacionados no mercado internacional diminuíram 20% para os 960 Mm³, devido ao menor número de cargas de GNL vendidas. Foram efetuadas oito operações de trading de GNL, menos duas do que no período homólogo, na sua maioria destinadas ao mercado asiático.
Os volumes de trading de rede também diminuíram 24% para os 278 Mm³.
Os volumes vendidos no mercado convencional, ou seja, nos segmentos industrial e de retalho, diminuíram 146 Mm³ em relação ao período homólogo, totalizando os 670 Mm³. No segmento industrial, os volumes vendidos diminuíram 14% para os 556 Mm³, sobretudo devido à redução no consumo das unidades da Galp que, por sua vez, se deveu à paragem do hydrocracker na refinaria de Sines no período. Os volumes vendidos no segmento de retalho diminuíram 34% para os 114 Mm³, na sequência da venda, no segundo semestre de 2015, das atividades de comercialização de gás natural na região de Madrid.
No segmento elétrico, os volumes aumentaram 26% para os 231 Mm³, tendo a produção elétrica na Península Ibérica registado uma maior utilização de fontes alternativas ao carvão. As vendas de eletricidade foram de 1.192 GWh, ou seja, um aumento de 65 GWh face ao primeiro trimestre de 2015, devido à maior atividade de comercialização de eletricidade. As vendas à rede desceram 34 GWh para os 356 GWh, devido ao menor contributo da cogeração da Carriço, empresa participada da Galp, e apesar do início da atividade de um novo parque eólico com uma capacidade de 22,6 MW, no qual a empresa participa.
O Ebit RCA situou-se nos €75 milhões, um decréscimo de 33% face ao primeiro trimestre de 2015.
INVESTIMENTO
O investimento no primeiro trimestre de 2016 foi de €343 milhões, com o investimento no negócio de E&P a representar 92% do total.
O investimento no negócio de E&P foi na sua maioria alocado a atividades de desenvolvimento e produção, nomeadamente ao desenvolvimento do bloco BM-S-11, no Brasil, que absorveu 72% do investimento neste tipo de atividades. As atividades no bloco 32, em Angola, representaram cerca de 20% daquele total. O investimento em atividades de exploração e avaliação situou-se em €10 milhões no período.
Nos negócios de R&D e G&P, o investimento totalizou €26 milhões, para o que contribuiu o que contribuiu o investimento na refinaria de Sines, sobretudo em atividades de manutenção, na atividade de distribuição de gás natural e o investimento alocado à construção de um terminal logístico em Moçambique.
ENVOLVENTE DE MERCADO
CÂMBIO
No primeiro trimestre de 2016, o valor médio do câmbio EUR/USD foi 1,102, uma valorização de 2,1% face ao período homólogo de 2015.
DATED BRENT
No primeiro trimestre de 2016 a cotação média do dated Brent diminuiu $20,0/bbl em relação ao período homólogo, para $33,9/bbl. Esta diminuição resulta de um sucessivo excedente de produção e de stocks elevados resultantes do aumento da produção de crude, sobretudo pelos países membros da OPEP.
GÁS NATURAL
O preço do gás natural na Europa (NBP) diminuiu para 29,9 GBp/therm no primeiro trimestre de 2016, o que compara com 47,6 GBp/therm no mesmo período de 2015, em consequência da queda do preço do crude, indexante típico de contratos de gás natural, e de um inverno ameno na Europa. O preço asiático de referência de GNL (JKM) reduziu de $7,8/mmbtu no primeiro trimestre de 2015 para $5,0/mmbtu no primeiro trimestre de 2016. Esta diminuição decorreu de um aumento do inventário, com redução da procura no Japão e na Coreia do Sul.
MARGENS DE REFINAÇÃO
No primeiro trimestre de 2016, a margem de refinação benchmark diminuiu $2,0/bbl face ao período homólogo de 2015 para $3,3/bbl, devido sobretudo à evolução negativa do crack dos destilados médios, que resultou da menor procura de alguns destes produtos.
MERCADO IBÉRICO
No primeiro trimestre de 2016, o mercado ibérico de produtos petrolíferos totalizou 14,7 milhões de toneladas (Mt), valor em linha com o registado no período homólogo de 2015, apesar de impactado pela menor procura sazonal de gasóleo de aquecimento.
O mercado de gás natural na Península Ibérica diminuiu 5% face ao mesmo período do ano passado, para os 8.653 mm³, para o que contribuiu uma redução de 4% no consumo convencional (i.e, segmentos industrial e retalho), decorrente de um inverno mais quente que o habitual, e de 11% no consumo do segmento elétrico, impactado pela alta hidraulicidade e geração eólica.
AÇÃO GALP
A ação da Galp encerrou o primeiro trimestre de 2015 com uma cotação de €11,05, tendo valorizado 3% no período. A cotação mínima no período foi de €9,03 e a máxima de €11,78. Durante o primeiro trimestre do ano foram transacionadas cerca de 225 milhões de ações em mercados regulamentados, dos quais 122 milhões na Euronext Lisbon. Assim, o volume médio diário transacionado nos mercados regulamentados foi de cerca de 3,6 milhões de ações, dos quais 2,0 milhões na Euronext Lisbon. No final do primeiro trimestre de 2016, a capitalização bolsista da Galp situava-se nos €9.200 milhões.
Fonte: Queda das cotações do petróleo trava crescimento de resultados