Exploração & Produção impulsiona resultado líquido da Galp Energia para €277 milhões, mais 57,2% do que no período homólogo de 2011
- A produção working interest de crude e gás natural foi de 24,8 mboepd, cerca de 40% dos quais provenientes do Brasil; a produção net entitlement aumentou 54% face ao mesmo período de 2011, atingindo os 18,3 mboepd;
- As exportações para fora da Península Ibérica aumentaram 35,8% face ao período homólogo e ultrapassam já o total do ano transato;
- A atividade de distribuição de produtos petrolíferos continua a degradar resultados e a de refinação, embora melhor do que no período homólogo, continua a enfrentar um ambiente adverso;
- O volume de gás natural vendido aumentou 19% face ao período homólogo de 2011, atingindo os 4.696 milhões de metros cúbicos, com um contributo decisivo das vendas de GNL no segmento de trading;
- O resultado operacional a custo de substituição (RCA) foi de €443 milhões, mais 53% que nos primeiros nove meses de 2011;
- O investimento atingiu os €613 milhões, dos quais cerca de 70% foram canalizados para o segmento de negócio de Exploração & Produção, sobretudo para os projetos no Brasil;
- O rácio net debt to equity no final de setembro de 2012, situava-se nos 20% e a dívida líquida era de €1.369 milhões, refletindo a manutenção de uma estrutura de capital sólida.
INDICADORES FINANCEIROS
(ver quadro no documento anexo)
O resultado líquido replacement cost ajustado da Galp Energia foi de €277 milhões, mais €101 milhões do que no período homólogo de 2011. Este aumento deveu-se essencialmente ao aumento da produção de petróleo e de gás natural provenientes do Brasil e ao aumento dos volumes de GNL vendidos na atividade de trading.
Os resultados financeiros deram também um contributo positivo que mais do que compensou o efeito do aumento dos interesses minoritários na sequência do aumento de capital na Petrogal Brasil e noutras empresas relacionadas.
EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO
(ver quadro no documento anexo)
A produção working interest aumentou 20% para 24,8 mboepd face ao período homólogo de 2011. Este aumento deveu-se essencialmente ao incremento da produção do Brasil, nomeadamente do campo Lula, através da unidade de produção permanente FPSO Cidade de Angra dos Reis e do teste de produção na área de Iracema Sul. A produção no Brasil atingiu 10,2 mboepd, dos quais 16% referentes a gás natural. Em Angola a produção working interest foi de 14,6 mbopd, ou seja, menos 16% do que no período homólogo de 2011, devido ao declínio da produção nos campos do bloco 14.
A produção net entitlement, ou seja, aquela a que a Galp Energia tem de facto direito, subiu 54% para 18,3 mboepd face ao período homólogo de 2011. Esta melhoria explica-se essencialmente pelo aumento da produção no Brasil, que triplicou para os 10,2 mboepd, mais do que compensando a diminuição da produção net entitlement proveniente de Angola, que totalizou 8,1 mboepd.
O resultado operacional a custo de substituição nos primeiros nove meses de 2012 foi de €174 milhões, face aos €70 milhões do período homólogo de 2011, o que se deveu essencialmente ao aumento já referido da produção net entitlement.
REFINAÇÃO & DISTRIBUIÇÃO
(ver quadro no documento anexo)
Nos primeiros nove meses de 2012 foram processados cerca de 63 milhões de barris de crude, um aumento de 14% face ao período homólogo de 2011, que tinha sido afetado, no primeiro trimestre desse ano, pela paragem técnica da refinaria de Sines, destinada a manutenção e realização de interligações relacionadas com o projeto de conversão. A taxa de utilização da capacidade das refinarias no período foi de 70%, face aos 61% dos primeiros nove meses de 2011.
O crude representou 93% das matérias-primas processadas, com os crudes leves e condensados a representaram 30% do total, enquanto os crudes médios e pesados tiveram um peso de 54% e 16%, respetivamente.
No perfil de produção, o gasóleo teve um peso de 33%, seguido das gasolinas e do fuelóleo que contribuíram com 21% cada. O jet contribuiu 8% para a produção total e os consumos e quebras no período foram de 7%.
O aumento do crude processado, aliado a uma melhoria expressiva das margens de refinação europeias de que a Galp Energia também beneficiou, permitiram compensar a quebra no volume de vendas a clientes diretos. Esta acentuou a tendência de descida, para os 7,6 milhões de toneladas, menos 3% que nos primeiros nove meses de 2011. A descida deveu-se ao contexto económico adverso que continua a afetar a procura de produtos petrolíferos na Península Ibérica. Os volumes vendidos em África representaram 7% do total de vendas a clientes diretos neste período.
As exportações para fora da Península Ibérica situaram-se nos 2,5 milhões de toneladas, mais 36% que no período homólogo de 2011, quando a produção disponível para exportação foi afetada negativamente pela paragem técnica da refinaria de Sines. A gasolina e o fuelóleo representaram, cada, 29% das exportações, em consequência da maior procura nos mercados internacionais, nomeadamente nos EUA e nos mercados asiáticos, que sustentou a evolução positiva dos cracks destes produtos.
Nos primeiros nove meses de 2012, o segmento de negócio de Refinação & Distribuição registou um resultado operacional a custo de substituição de €44 milhões, em linha com o mesmo período de 2011. Como explicado anteriormente, apesar do menor contributo da atividade de distribuição de produtos petrolíferos para os resultados no período, o segmento de negócio beneficiou do aumento das margens de refinação nos mercados internacionais e do aumento do crude processado.
GAS & POWER
(ver quadro no documento anexo)
Nos primeiros nove meses de 2012 as vendas de gás natural foram de 4.696 milhões de metros cúbicos, um aumento de 19% em relação ao período homólogo de 2011 que se deveu principalmente ao aumento dos volumes vendidos de GNL no segmento de trading. Este segmento permitiu compensar a diminuição homóloga das vendas a clientes diretos, que baixaram 15% para 3.016 milhões de metros cúbicos devido à redução das vendas aos segmentos elétrico e residencial. A diminuição das vendas ao segmento elétrico deveu-se peso crescente do carvão na produção de eletricidade em Portugal, comparativamente com os primeiros nove meses de 2011, bem como ao aumento das importações de eletricidade de Espanha. Os consumos no segmento residencial foram afetados pela temperatura mais amena que caracterizou o início do ano e pela perda de clientes em Espanha, em comparação com o período homólogo do ano anterior.
As vendas ao segmento industrial subiram 5%, para 1.565 milhões de metros cúbicos, resultado do aumento dos autoconsumos de gás natural pelas unidades da Galp Energia, nomeadamente a unidade de cogeração da refinaria de Matosinhos e a unidade de hidrogénio associada ao hydrocraker da refinaria de Sines, que se encontram atualmente em fase de comissionamento, e da angariação de novos clientes neste segmento.
No segmento de trading as vendas de gás natural liquefeito foram de 1.680 milhões de metros cúbicos, um aumento de 1.256 milhões de metros cúbicos face ao período homólogo de 2011. As vendas neste segmento beneficiaram do aumento da procura de GNL, especialmente na Ásia e na América Latina.
As vendas de eletricidade à rede nos primeiros nove meses de 2012 foram de 954 GWh, contra 867 GWh no período homólogo de 2011, período em que as operações nas cogerações de Sines e da Energin estiveram parcialmente interrompidas.
Nos primeiros nove meses de 2012, o resultado operacional a custo de substituição foi de €219 milhões, um aumento de €51 milhões face ao período homólogo de 2011 que ficou a dever-se à melhoria dos resultados na comercialização de GNL no mercado internacional.
INVESTIMENTO
(ver quadro no documento anexo)
O investimento nos primeiros nove meses de 2012 foi de €613 milhões, tendo cerca de 70% do total sido afeto ao negócio de Exploração & Produção, em linha com a estratégia delineada pela Empresa. O negócio de Refinação & Distribuição, que até ao final de 2011 era o grande foco do investimento, representou nos primeiros nove meses do ano apenas cerca de 20% do total.
O investimento de €433 milhões no negócio de Exploração & Produção – mais €225 milhões que no período homólogo de 2011 – foi predominantemente afeto às atividades de exploração e desenvolvimento no Brasil, onde o bloco BM-S-11 absorveu €204 milhões. Cerca de 40% do investimento no segmento destinou-se a atividades de exploração, onde se destaca o investimento em Moçambique que totalizou €47 milhões e se destinou a atividades de exploração e avaliação na Área 4, nomeadamente no complexo Mamba.
O investimento nos segmentos de negócio de Refinação & Distribuição e de Gas & Power totalizou €178 milhões, tendo o primeiro contribuindo com €135 milhões. A redução de €425 milhões do investimento na Refinação & Distribuição nos primeiros nove meses de 2012 deveu-se à conclusão do investimento no projeto de conversão das refinarias. O investimento no negócio de Gas & Power, que totalizou €43 milhões, destinou-se sobretudo à rede de distribuição de gás natural e à cogeração na refinaria de Matosinhos.
COLABORADORES
(ver quadro no documento anexo)
ENVOLVENTE DE MERCADO
DATED BRENT
A cotação média do dated Brent nos primeiros nove meses de 2012 foi de Usd 112,2/bbl, em linha com a do período homólogo do ano anterior. Esta estabilidade foi o resultado de dois efeitos contrários: por um lado, o clima de instabilidade na Síria, no Sudão do Sul e no Iémen nos primeiros meses do ano, que contribuiu para sustentar a cotação; por outro lado, as incertezas em relação à atividade económica na Europa e nos EUA, e os receios duma desaceleração da economia chinesa no terceiro trimestre de 2012, que pesou sobre a cotação.
MARGENS DE REFINAÇÃO
A margem de refinação benchmark da Galp Energia nos primeiros nove meses de 2012 foi de Usd 1,8/bbl, mais Usd 2,6/bbl do que no período homólogo de 2011. Esta evolução refletiu a tendência das margens cracking e hydroskimming no período, que aumentaram Usd 3,2/bbl e Usd 3,9/bbl, respetivamente.
EUR/USD
Nos primeiros nove meses de 2012, a taxa de câmbio média do euro/dólar foi de 1,28, o que representou uma desvalorização de 9% do euro face ao dólar em relação ao período homólogo de 2011. O enfraquecimento da moeda única deveu-se essencialmente à continuação da crise da dívida soberana na zona euro, mesmo após o anúncio de novas medidas de estímulo à economia por parte dos bancos centrais. As incertezas sobre o crescimento económico global contribuíram também para o agravamento do sentimento negativo em relação à zona euro.
MERCADO IBÉRICO
Em Portugal, o mercado de produtos de petrolíferos contraiu 7% nos primeiros nove meses de 2012 em relação ao período homólogo, para 6,8 milhões de toneladas, principalmente devido à evolução dos mercados de gasolina e gasóleo. De facto, os mercados da gasolina e do gasóleo contraíram cerca de 9% cada, para 0,9 milhões de toneladas e para os 3,4 milhões de toneladas, respetivamente. O mercado de jet ficou em linha com o período anterior nos 0,8 milhões de toneladas.
Em Espanha, o mercado dos produtos petrolíferos teve uma evolução negativa nos primeiros nove meses do ano, com uma queda de 3% face ao mesmo período de 2011, para os 41,2 milhões de toneladas. Esta evolução deveu-se não só à contração de 4% do mercado de gasóleo, para os 21,3 milhões de toneladas, mas também dos mercados de gasolina e de jet que foram afetados negativamente pela conjuntura económica adversa. De facto, estes dois mercados apresentaram uma descida de 7%, para 3,7 milhões de toneladas e 4,1 milhões de toneladas respetivamente.
Em Portugal, nos primeiros nove meses de 2012, o mercado de gás natural contraiu 14% face ao período homólogo para os 3.270 milhões de metros cúbicos. Esta evolução negativa é sobretudo justificada pela quebra de 51% registada no sector elétrico, na sequência do aumento do peso do carvão na produção de eletricidade e a uma menor geração elétrica em Portugal, na sequência do aumento das importações de eletricidade proveniente de Espanha.
Já o mercado espanhol de gás natural diminuiu 4% durante os primeiros nove meses de 2012, face ao mesmo período de 2011, uma vez que o aumento da procura dos segmentos residencial e industrial de 6%, não foi suficiente para compensar a diminuição da procura de 26% no segmento eléctrico na sequência da maior produção de eletricidade através de carvão e por via nuclear.
CAPITALIZAÇÃO BOLSISTA
Desde o início de 2012 até ao final de setembro, a ação da Galp Energia valorizou 11%, tendo encerrado o período a cotar nos €12,62. Desde a oferta pública inicial, a 23 de outubro de 2006, até ao final de setembro de 2012, a ação da Galp Energia teve um desempenho positivo e valorizou cerca de 117%. A cotação máxima da Galp Energia nos primeiros nove meses do ano foi de €13,78, enquanto a mínima foi de €8,33. Durante este período, foram transacionadas cerca de 240 milhões de ações, o que equivaleu a uma média diária de 1,3 milhões de ações. No final de setembro a Galp Energia tinha uma capitalização bolsista de €10,5 mil milhões.
(ver quadro no documento anexo)
Fonte: Euroinvestor
BASES DE APRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO
As demonstrações financeiras consolidadas e não auditadas da Galp Energia relativas aos nove meses findos em 30 de Setembro de 2012 e de 2011 foram elaboradas em conformidade com as IFRS. A informação financeira referente à demonstração de resultados consolidados é apresentada para os nove meses findos em 30 de Setembro de 2012 e de 2011. A informação financeira referente à situação financeira consolidada é apresentada às datas de 30 de Setembro de 2012 e de 31 de Dezembro de 2011.
As demonstrações financeiras da Galp Energia são elaboradas de acordo com as IFRS e o custo das mercadorias vendidas e matérias-primas consumidas é valorizado a CMP. A utilização deste critério de valorização pode originar volatilidade nos resultados em momentos de oscilação dos preços das mercadorias e das matérias-primas através de ganhos ou perdas em stocks, sem que tal traduza o desempenho operacional da empresa. Este efeito é designado efeito stock.
Outro factor que pode afectar os resultados da empresa sem ser um indicador do seu verdadeiro desempenho é o conjunto de eventos de natureza não recorrente, tais como ganhos ou perdas na alienação de activos, imparidades ou reposições de imobilizado e provisões ambientais ou de reestruturação.
Com o objectivo de avaliar o desempenho operacional do negócio da Galp Energia, os resultados operacionais e os resultados líquidos RCA excluem os eventos não recorrentes e o efeito stock pelo facto de o custo das mercadorias vendidas e das matérias-primas consumidas ter sido apurado pelo método de valorização de custo de substituição designado replacement cost (RC).
DEFINIÇÕES
Crack
Diferença entre o preço de um produto final, como por exemplo a gasolina e o gasóleo, e o preço do petróleo bruto
EBIT
Resultado operacional
EBITDA
EBIT mais depreciações, amortizações e provisões. O EBITDA não é uma medida direta de liquidez e deverá ser analisado conjuntamente com os cash flows reais resultantes das atividades operacionais e tendo em conta os compromissos financeiros existentes
Produção net entitlement
Percentagem da produção detida sobre os direitos de exploração e produção de hidrocarbonetos de determinada concessão, após o efeito dos contratos de partilha de produção
Produção working interest
Percentagem da produção detida sobre os direitos de exploração e produção de hidrocarbonetos de determinada concessão
ABREVIATURAS
bbl: barris
boe: barris de óleo equivalente
mboepd: mil barris de petróleo equivalente por dia
PSA: Production Sharing Agreement
RCA: Replacement cost ajustado
Usd: dólar dos Estados Unidos